Famílias participam de intercâmbio intermunicipal e compartilham experiências para a convivência com o semiárido

Intercâmbio intermunicipal de dois dias promovem trocas e produção de novos conhecimentos. O objetivo do Intercâmbio está centrado nas trocas de experiências e na produção de novas aprendizagens a partir da participação e do diálogo de saberes. Essa ação de Formação do Program uma Terra e duas Água ( P1+2), tem potencializado e articulado os conhecimentos, fortalecido processos sustentáveis de desenvolvimento local e abordando um processo da organização conjunto á uma série de estratégias de convivência com o semiárido.

No primeiro dia de Intercâmbio, agricultores e agricultoras de Antas, Sítio do Quinto e Canudos Bahia, receberam famílias dos municípios de Jeremoabo, Cícero Dantas, Fátima e Novo Triunfo em Intercâmbio promovido pelo Programa Uma Terra e Duas Água ( P1+2) e promover partilha e trocas de experiências.

A primeira visita foi na propriedade de Dona Lilia e Seu Pretinho, que tem transformado suas vidas a partir da produção de alimentos agroecológicos. Ao redor da casa á família nos apresenta o cultivo de hortaliças em canteiros econômico e as fruteiras. E contam que a dedicação a essa produção diversificada e livres de agrotóxicos tem sido importante para a alimentação da família e para a comercialização. Dona Lilia fala que fazia muitos anos que não comia repolho e hoje pode produzir em seu quintal, contando da alegria de produzir alimentos limpos, já que tem utilizado adubação orgânica e calda de alho e de macerado de folhas para controle de pragas e doenças .

Outra experiência visitada foi a de Seu Zé Nonato. Caminhando por sua propriedade ele junto com um jovem da comunidade apresenta a prática de enxertia em cajueiro, técnica utilizada pela família para recuperar os cajueiros improdutivos. O agricultor conta que não quis variedades de fora, preferiu escolher um cajueiro produtivo e adaptado de sua propriedade para fazer a enxertia nos improdutivos e conta como foi esse processo, ressaltando que mesmo tendo sido feita a dois anos atrás, ano de um período longo de estiagem a produção ja esta sendo maior do que antes. Eles partilha a sementes com o grupo. Em seguida mostra a experiência com o biodigestor que possibilita a produção de gás a partir do esterco fresco. As famílias entusiasmadas procuram saber mais sobre processo de construção e o custo da tecnologia.

No finalzinho do dia, visitamos a experiência do grupo de mulher ARTE E COSTURA, que confeccionam e estampam fardamentos, camiasa etc, e por fim serve um delicioso lanche com produtos locais, como laranja, aipim e suco de maracujá.

O segundo dia a visita foi no município de Canudos, Bahia. A visita aconteceu na comunidade Sítio do Tomas, onde seu afonso e sua família desenvolve experiências de convivência e apresenta uma diversidade de atividades que realiza na propriedade. A mais antiga é a criação de caprinos em Fundo de Pasto, sistema que permiti o uso comum da terra, também apresentou o banco de sementes sementes comunitário, o armazenamento da água da chuva para o consumo e para produção e a bomba D’água popular, o armazenamento de alimentos para os animais em silo, além do plantio de mandacaru sem espinhos, plantio de andu, sorgo e o uso do sisal para a alimentação animal, além do beneficiamento do umbu e do maracajá nativo. Em meio a tanta diversidade, o agricultor é exemplo de convivência com o semiárido e troca de experiências e sementes com agricultores e agricultoras.

Os agricultores e agricultoras também poderam conhecer a experiência de Lúcio e sua Família na Comunidade de Angico, também em Canudos. O jovem lutador Lúcio, partilha suas experiência dizendo, que é o mais novo dos dezesseis (16) irmãos, e como os outros só estava esperando a hora de ir para São Paulo, no entanto foi percebendo que poderá viver aqui, e viver bem. Assim o agricultor e sua irmã Maria que voltou de São Paulo com seu esposo Gilberto para desenvolver essa experiência, começam apresentando uma área desertificada e que conseguiram recuperar com uso de técnicas simples como plantio em curva de nível, educação orgânica, cobertura e diversificação de cultivos.

A família Chama a atenção para as tecnologias de captação de água da chuva, como o Barreiro Trincheira adequado para o solo da região e possibilita armazenar uma quantidade significativa de água, apresentando os barreiros escavados a mão e o último construindo pela família. Outra prática ressaltada foi o armazenamento de silos em tambores, usando também plantas nativas no período das chuvas. Na comunidade que também é Fundo de Pasto a família de seu Maurício e dona Tereza pais de Lúcio, também criam caprinos e estão envolvidos no Projeto de Recaatingamento desenvolvido pelo IRPAA, e desenvolvendo um sentido preservacionista da família, também como uma estratégia importante para a convivência.

“Vocês plantam o feijão e milho para comprar á carne e nós aqui produzimos a carne para comprar o feijão”, Ressalta Lúcio sobre as potencialidades da região e as maneiras apropriadas, respondendo a um questionamento do grupo sobre de que vocês vivem aqui?

Marcio de Jesus, coordenador do Programa P1+2 na ARCAS, satisfeito com o intercâmbio fala da importância de percebermos as ameaças que o uso de agrotóxicos é na nossa região, relacionando com a realidade de Canudos, onde a criação de Gado e as queimadas causaram a desertificação na região.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *